
amado irmão, vou afastando da ilusão estes sonhos.
sonhei para a vida, mas ensinaram-me que é a vida ela própria que sonha para nós. e a minha, apesar de afagada por elevados gestos como o teu, tem vindo a desprender-me do que é daqui.
acho-me velho e cansado para regar os meus sonhos, combatendo os sonhos da minha vida.
mas tenho vantagem nisto... dedico-me ao sentir dos que familiarmente me rodeiam, sendo para esses as forças que vão restando, que são ao mesmo tempo alento e fonte de vida. dedico-me ainda a sentir o mesmo vento salgado, navegando apenas num par de chinelos de praia, evitando fundear o corpo nos baixios da querida ria elevando a alma ao seu berço.
ainda assim obrigado pela lembrança, queira deus um destes dias que, velhotes, naveguemos nas marolas da ria... e se for eu pilotando, fica prometido que será num bote de nome "El Rei D. Manuel II".
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