
chegam noticias de dentro do jardim. os murmúrios ecoam nas folhas mortas que fazem tapete à espera que empreendo. a alegria que alenta a espera é saber que é para o jardim que quero ir, é esse o meu fim — que tardando me adia a libertação e a felicidade. pois que caia a noite, e a chuva, e que rosne esse gato mau. finco pé neste passeio, o piano dá enquadramento ao sonho. toca sozinho ao longe e arrasta melancolicamente um punhado de saudades desse mesmo jardim. cá fora não vivo, arrasto-me pelo espaço onde confino a alma. um destes dias também eu entrarei nesse jardim. comigo levo o que fui aprendendo na rua: desprender-me de mim, gritar a quem me ouve e esquecer quem nada me diz. um destes dias o pai prometeu que seria feliz de novo. um destes dias o silêncio será finalmente o repouso. é pelo silêncio que traz o sentimento e a palavra do pai. é no silêncio que o pai se revela pela sua força.
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