quinta-feira, 27 de agosto de 2009

perdão pai


tenho hoje como lei que só serei salvo na próxima vida. quando o pai me quiser chamar, aqui estou despojado de tudo, pronto a esquecer que um dia vi este lindo portão que dá para a minha verdadeira vida. adio em silêncio com as lágrimas que me fazem companhia a felicidade que procuro. o coração teima em não se deixar humilhar, a alma grita — ainda raivosa não perde a humanidade — por morte e peste a todos os felinos que pastam por aqui. desgraçados prendem-me aqui com o que me fazem sentir. procuro à volta de mim mas está tão escuro, tão escuro, procuro outro portão mais claro, mais distante, menos humano. desgraçados que me atrasam o sentir do pai. desgraçados e vis animalescos que me roubam a paz e ofuscam a luz. morte e peste a todos. ah, um dia vos passo ao lado em direcção à vida. não será já porque me foge a humildade de sofrer em silêncio e só. perdoa pai mas o jardim ainda não é para mim. sofro ainda de ser daqui.

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