segunda-feira, 2 de novembro de 2009

o carvalho e o cão


tinha-te avisado do peso da semana que passou, gritei ao abismo que é ser quem sou, o mensageiro sofrido e atirado ao próprio destino. passou a semana e choro ainda. quem me fez mensageiro de ti? porque me escolheste tu?

vejo ao longe um carvalho antigo, enraizado no mundo onde viveu no pleno das forças. foi do mundo, agarrou-se a ele e nele atira a vasta sombra. está antigo o carvalho, cansado do atraso da vida. cresceu este teu irmão na sombra do carvalho, brincou nos seus ramos, adormeceu vezes sem conta nas suas raízes. vejo ainda deitado nas folhas tombadas na base do carvalho, feitas cama de dor, um velho cachorro que comigo dividiu uma flor.

vem o inverno aí. que podem eles contra a geada que cai? que posso eu aqui sentado? ninguém me abre as portas do jardim...

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