quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

clamor peccator

não quis deus que lá ficasse. mas que me embrulhasse ainda neste mundo que carrego nos ombros, farto em mentiras e desses laicos grilhões que se pavoneiam em toscos pulinhos narcisistas. teimo em procurar nas águas de rendas brancas espumadas o fim que tarda. sabes laura, bem sei que a ria é tua para passear... mas o mar toca no céu que almejo. e seria a praia o meu depósito terreno testamentário de vestes vermelhuscas e companhias saloias... que quem em mim faz verdade, seguir-me-ia para fora da palpável gaia, para essa outra que me segreda nas noites em que a lua me faz companhia e agasalho terno. mas cabe-me ainda sentar ao portão ferroso que te venho dando nota... proíbe-me o pai, que ainda não te reveja os verdes olhos, lindos que tanto sofreram... tolito pai... ele sabe, e deixa, que tos veja sempre que quero, pois foi ele que colou, no triste coração que enclausuro, o éden solarengo onde passas tanto para me abrigar do alongar do tempo e que quero acreditar ser teu paraíso... que noutro local não te imagino. sabes?… é que o amor que tenho por todos só se faz luz no amor que todos têm por mim. cuida de flor, para que ela cuide de mim, que o estimado corpanzil quebra sob o fardo que agora sei que se alonga mais uma época. exulta-se a cada gota salgada que cai em ferida em clamor ao pai, levando quem se pode ao colo.

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