terça-feira, 19 de janeiro de 2010

olhos azuis de ria e de céu



sabes?...

assusta-me que te vás decisivamente e me deixes aqui atirado a mim mesmo, sentado no passeio no escuro. sei que não sou merecedor da proximidade da tua luz, e que tens outros sítios para estar... ainda assim assusta-me a tua ausência.

sei que me virás visitar, de quando em vez, para me escorar, para me guarnecer a fé, para seres minha uma outra vez, afastando estas zoeiras da minha alma, projectando o calor do alto para que me sinta melhor nesta espera que encetei, faz agora trinta e nove anos. já tanto havias sofrido quando entrei na tua vida. e tanto mais sofreste.

deixo-te algumas linhas de amor, são poucas porque não te sei escrever, porque não te sei agradecer o quanto me deste. fica este tempo rematado com o sonho que tiveste num dia de lucidez. amor transformado em coisa. coisa que passa de mão, desmerecendo, nada fiz por tanto merecer. a herança que naturalmente de ti recebi há tanto, essa etérea que me importa, já a gozo um nadadinha, pouco quase nada... que ando ainda embrulhado no que um dia desprenderei. nesse luminoso dia, estremecerá o céu e a terra, quando as luzes se encontrarem, vagueará o silêncio mundano solto quando o pó descer à fossa donde veio. voltarás a ser quem sempre me norteou.

juras que um destes dias te verei?

a meu irmão agradeço por te partilhar.

sou teu, sempre.
adeus minha riqueza.

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