segunda-feira, 25 de outubro de 2010

salmos 51



compreendo agora que pago. não me quebram os ossos, tão pouco a alma, mas sigo pagando. desmontando esse esquife que, feia oferta, deixo enterrado no lamaçal. deixo-o para trás e vou pagando. não há queixume que me atormente nesta aurora que o horizonte me deslinda. eu sou o que a terra engole e sou o que a terra liberta. não me quebram os ossos porque já não sou só pó, não me falha a alma porque já não me aprisiona, é luz. não se negam, essa terra e esse céu, sem um não há outro… sem sangue não há luz, sem luz não corre o sangue. a cada dor um passo em frente. a cada noite oca, um por do sol soberbo. porque teimas em não me acompanhar?

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