segunda-feira, 21 de março de 2011

sacrificium deo spiritus contribulatus

há luzes que me escolheram
sendo eu parco na claridade, desmerecendo,
amam-me e recolhem-me, instigam-me.
carregam-me, arredando os espinhos da rosa.

saltitam cegando, são já alguns,
eu em cruz deitado no chão frio das suas capelas,
beijando o chão lavado pelas suas lágrimas,
de partida, de solidão, de entrega, de trabalho.

há amores que me acolheram sem que o soubesse
de olhos azuis, de castigado corpo curvado.
sou riqueza nada valendo.
sou luz nada alumiando.
é-me tudo, eu nada sendo.

há ensanguentadas leituras,
que em cálices guardam cada gota de tristeza.
que a cada golpe colhido,
forasteiros que me envenenam o caminho
tragos de fel bebidos com sorriso,
croa de espinhos abraçada, sangrando.

a todos eles sirvo o melhor que posso,
assim me ajude o pai
que nada mais sou que uma oferta no seu altar.

1 comentário:

idalina dionisio disse...

Tudo te é dado e tudo te é tirado!
Escolhe essa luz e deixa-te ser escolhido.